
Ritmo
Já se perguntou quais elementos se juntam em uma música? Música é ritmo, melodia e harmonia.
Costumo dizer que a melodia é a estrela, a atriz principal da obra musical. Aquela que reconhecemos, que lembramos e cantamos.
A harmonia é o conjunto de notas que compõem o ambiente sonoro. Mistério, alegria, tristeza…Ela cria o clima.
O ritmo é o tempo, a velocidade, o pulso constante. Define a duração de cada nota e a atuação de cada instrumento de acordo com o andamento, na forma de batidas por segundo (BPM).
Tic, toc…O segundo.
Tic, toc… A hora.
Tic, toc… O dia.
Tic, toc… A semana.
Tic, toc… O mês.
Tic, toc… O ano.
Tic, toc… O século.
Tic, toc… O milênio.
Tic, toc, tic…
Sem o ritmo não haveria movimento, duração, os sons seriam infinitos, e por isso imperceptíveis e sem forma.

O metrônomo é o instrumento responsável por marcar as BPM (batidas por minuto, lembra?), que dão a velocidade da música. Ele é usado para definir a duração dos sons.
O tempo é uma sucessão de ritmos, ele nasce do ritmo. Ajuda-nos a entender os movimentos e nos prepara para o que virá.
Em grego, a palavra ritmo significa fluir e deu origem à palavra rio. Fluido, aquele que flui. O rio passa constantemente. E por mais que passe no mesmo lugar, ele sempre passa diferente. As pedras mudam de lugar, plantas nascem, a terra em volta reage, as curvas, os afluentes, a fonte, as quedas d’água, os bancos de areia, os lagos e lagoas tudo esta em movimento. Ainda que o rio seja sempre o mesmo, percorrendo os mesmos lugares, a água e seu ambiente são diferentes. A água chega no mar, evapora, vira nuvem, encontra uma montanha, vira gelo e volta a correr em outro rio.
Assim como o rio, o ritmo é constante. A música tem introdução, parte A, parte B, refrão e coda (final), que podem variar o padrão, mas sempre se repetem.


Por que repetição? Se alterássemos a melodia, a harmonia e o ritmo o tempo todo, não conseguiríamos reconhecer a música. No entanto, cada vez que a música se repete, mudam detalhes da execução dos músicos, muda a percepção de quem ouve, muda. Porque a gente muda.
O mesmo acontece conosco. Nós nos repetimos ao frequentar os mesmos lugares, as mesmas pessoas, as mesmas situações. Cada vez é diferente, mas a melodia é a mesma. Por que escolhemos nos repetir? Medo do desconhecido, ritmos implícitos da vida? Por um lado, há rotinas que garantem a manutenção da vida, a sobrevivência da espécie agrupados e seguros.
Mas, e se num exercício poético, nos atrevermos a fluir até o mar, a evaporar, a virar nuvens e gelo no alto da montanha? E se fluíssemos para outros rios no mundo, encontrando novos ritmos, outras canções, novas melodias, estados frequências…tudo isso existe e pode ser experimentado.

Se a vida está corrida, andar num ritmo mais Adágio (lento), se a vida está lenta, tentar acelerar o passo. Vai depender da nossa vontade de entrar em movimento. Se a gente não muda, a vida vira o mesmo eterno filme.
No corpo humano, quem puxa o rimo é o coração. É uma forca além da nossa compreensão. Aprender a ouvir os nossos ritmos internos, acessá-los e lidar com a nossa música pode ser uma chave para sair de um looping infinito. Não é uma ideia muito interessante?

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