Arte: O único caminho pra transformar o mundo!
Arte é emoção, música é emoção que nos convida a habitar lugares afetivos pouco visitados dentro de nós. Os artistas têm uma tarefa imprescindível no desenvolvimento da humanidade. Músicos, cineastas, arquitetos, cientistas exercem mais influência nas nossas vidas do que os políticos e os economistas. Mas o paradoxo é que mesmo assim a sociedade está organizada em função da política e da economia no lugar da arte. Como a arte que tanto nos mobiliza pode ter se tornado um mero entretenimento? Uma área secundária e considerada pouco séria?
Vamos começar pelo início: O que significa arte?
Arte vem do Latim “ars”, que no indo-europeu significa colocar, ajustar, ordenar para que se possa apreciar. Em indo-europeu fabricar algo, tecer é “tek”, que deu origem às palavras: técnica, tecnologia, texto. Arte significa, portanto, fazer algo e técnica é o modo como se realiza.
Na Antiguidade, até o último período romano, as escolas incorporavam tudo: a arte, a ciência, a engenharia e a técnica. As quatro eram parte de um mesmo processo para colocar em prática ideias. A informação se transmitia por meio da filosofia (= amor pela sabedoria). O conceito de arte nesse período era bem diferente dos tempos atuais. Qualquer atividade era considerada arte: um sapato feito pelas mãos de um sapateiro, uma espada das mãos do ferreiro, uma comida das mãos do cozinheiro. Uma casa é uma arte que combina a matemática e a geometria. Uma canção nasce da métrica e do som. Uma comida, da química e da física.
Por que a arte se separou da ciência?
A Igreja Católica começou a associar o mundo ao inferno e os prazeres a coisas do diabo. Como a arte provoca emoções e na visão religiosa nos faz sentir coisas impuras, nos conduzem ao pecado. Por isso foram permitidas somente as artes sacras que adoravam a Deus, ao contrário da filosofia, que disseminava o amor pela natureza, pelas artes e pelos prazeres do corpo.
Inaugura-se na Europa a sociedade do trabalho e não dos sentimentos. Faz sentido não acham? Como todos estivemos submetidos à cultura europeia por causa das colonizações, essa mentalidade foi franqueada pro mundo todo, passando por cima da história e culturas locais. No sec. XV, com as grandes navegações, se deu o início do que chamamos hoje de globalização.
No Renascimento, quando as artes começaram a reaparecer, muitos artistas, apesar de serem pais da ciência e pilares do desenvolvimento por suas ideias revolucionárias, como Leonardo da Vinci por exemplo, não eram bem recebidos pela ciência, que não queria se misturar com os artistas estéticos, pois as emoções eram contraproducentes.
O método científico de Descartes fez com que a ciência se fundamentasse somente na objetividade, buscando eliminar qualquer tipo de subjetividade que modificasse o resultado do experimento. Os artistas e suas criações foram relegados apenas ao entretenimento. De lá pra cá não passamos de boêmios excêntricos emocionais que não podemos contribuir pra lógica do mundo real.
Apesar de todo esse julgamento da sociedade formal, ditadora das regras, os artistas a séculos falam de paz, humanidade, igualdade, amor, e todos ressoamos com essas ideias. A política e a economia, porém, mesmo fazendo o contrário, prevalecem, pois partem da lógica que não podemos garantir o pão e a segurança com canções.
De onde vem a ideia que a arte não serve como instrumento pra mudar o mundo? Das tradições judaicas-cristãs que diz que temos que trabalhar pra ganhar o pão de cada dia, que não vamos chegar a lugar algum fazendo bobagens, que a arte é uma perda de tempo. Quantas vezes ouvimos frases como esta…
Emoções
Por isso não estudamos arte na escola, apenas sua métrica, sua técnica e quando muito sua história. Essa falta na nossa formação não nos habilita a lidar com as emoções. Se alguém ri sozinho na rua é maluco, se tem vontade de chorar é frágil, se sente raiva é desequilibrado. Não há espaço pra quem realmente somos.
Nos últimos 300 anos a ciência, a engenharia e a técnica nos fizeram evoluir mais do que os últimos 150 mil anos. Mas o planeta está um caos, o que aconteceu? O que não evoluiu, então? As nossas emoções! A arte é a energia básica, nos conecta com o potencial interno da alma, é o sonho que nos inspira a produzir, realizar. Separada da arte, a humanidade evoluiu muito na técnica, mas não no conteúdo. Estamos vendo o resultado dessa ausência expresso no mundo hoje.
Humanos contemporâneos são reprimidos, não conseguem se comunicar, se expressar, pois ouvimos desde sempre: não chore, está tudo bem, não seja, não se mostre em público. Não funcionamos com coerência. Por isso dizemos o que não sentimos, pensamos o que não dizemos e não fazemos o que sentimos. Perdemos a capacidade de amar, de nos alegrar, de entristecer plenamente sem julgamentos.
Tanta repressão afetiva, sexual e energética produz pessoas insatisfeitas, ensimesmadas, conflituosas, produz estupidez, impasses que viram guerras e destruição. Não há nenhuma possibilidade de amadurecermos, da nossa espécie evoluir, se adaptar às mudanças sem incluirmos a arte no hall das ciências, da engenharia e da técnica.
Artistas
Da galáxia mais expandida que há até a bactéria mais ínfima aqui na Terra, tudo é criado pelo universo, dos organismos mais simples aos mais complexos. Assim chegamos ao nosso corpo e a toda sua genialidade, estado da arte biológica. Podemos dizer, então, que somos arte universal mediante a técnica da biologia.
“A arte é a mentira que nos ajuda a ver a verdade” (Picasso)
Quantas vezes ao longo da vida a gente percebe que o que imaginamos a dias, semanas, meses, anos atrás é a realidade que estamos vivendo no presente? Pensamos em exercermos essa ou aquela profissão, morar nesse ou noutro lugar, fazer uma ou outra viagem, encontrar alguém assim ou assado; e um belo dia vemos aquelas projeções se tornarem realidade. A cultura humana dos últimos dois milênios nos fez esquecer que esse planeta foi desenhado pra ser um território de experimentações onde podemos manifestar nossas criações, nos divertirmos em quanto somos os artistas da nossa própria vida.
Na intimidade amamos as artes, nos emocionamos ouvindo música. Ela nos liberta, nos convida a dançar, rir, chorar, ficar com raiva na frente do espelho. Concordamos que a arte e os artistas são uma forma da gente mudar, de mudar o mundo, mas mesmo assim não acontece.
Não estou dizendo que os artistas são especiais. Arte é um estado de alma elevado que qualquer um pode acessar se conseguir emancipar sua verdade. Podemos todos nos tornar artistas, mas não somente artistas estéticos e sim artistas das emoções, do intelecto, da lógica, tudo junto.
Cada um pode se tornar artista da sua própria vida. Se apropriar do verbo que inspira e leva a ação, pode atuar, mudar, realizar projetos, crescer, expandir, amar. Trazer beleza ao mundo é a melhor forma de ordenar o caos. Somos arte, só precisamos nos reconhecer artistas. Pois somos os artistas da nossa própria existência e enquanto artistas somos também bons apreciadores de arte, precisamos dela posta na nossa experiência diária. E o Marketing do Afeto desenha a nossa experiência sonora cotidiana. Habita esses momentos simples do dia a dia.
Quanto mais criativos, mais capacitados estaremos pra receber a arte por meio de nossos sentidos. Aquela que está nos cantinhos, numa subida num elevador, na música que soa numa loja, num toque gostosinho de um celular. Pra que a revolução se dê, é preciso resgatar o lugar de existência da arte pelos poros de toda a sociedade de novo.
Exercício: Que tal inventar algo novo todos os dias, jogar com a imaginação e deixá-la criar? Não precisa ser nada complicado. Pequenos movimentos nos levam à observação do nosso micromundo, aquele que corre em modo automático e que rouba muitas horas do nosso tempo.
- Começa trocando a ordem, a sequência de como age ao acordar, se sai da cama, calça os chinelos, bebe água e vai ao banheiro, vai direto pra janela olhar o dia, ou simplesmente inverte a ordem.
- Se costuma pedir comida todos os dias, hoje faz diferente: olha o que tem na geladeira, inventa uma comida gostosa.
- Se só escreve no celular, pega um papel e uma caneta, escreve uma história que você acabou de lembrar ou algo que te chamou a atenção ontem
- Se costuma trabalhar com o celular perto, hoje deixa-o na cozinha por umas horas, vê o que acontece com o tempo em que ficam afastados.
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