Assim como eu amo cantar, gosto do sabor das palavras escritas. Sejam bem-vindes a este lugar onde eu vou propor diálogos. Sobre o que eu penso e observo, música, som, comunicação, pessoas, cidades, o visível e o invisível.

Aprendi que, mais do que muitas outras atividades, o treinamento musical estimula as sinapses e conexões entre o lado esquerdo e direito do cérebro, despertando subjetividades. Isso estimula o poder de fazer novas relações entre tudo o que existe, amplia a visão e torna as pessoas mais empáticas. Na minha vida profissional, encontrei e li sobre muitos empresários e líderes expressivos que têm alguma habilidade musical – tocam algum instrumento, cantam ou compõem. Alguns têm inclusive formação profissional nesse campo.

Faz muito sentido para mim. O exercício da música tem me oferecido pontos de vista que extrapolam as suas fronteiras. Desde o início da pandemia, componho e escrevo mais do que antes. A quarentena escancarou para todos, em especial, para os desavisados, que a vida não é sobre acordar, correr, trabalhar, comer, dormir, acordar, correr, trabalhar, comer, dormir, na batalha para ser alguém. Começamos a olhar para o lado com uma estranheza sem precedentes, a observar a mata, os bichos ocupando as ruas vazias, os mares, a qualidade do ar mudando, a capa de poluição diminuindo e algo bem estranho no ar. O invisível mandou recado dizendo que estamos num grande musical no qual podemos escolher os papéis que desejamos atuar.

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Em abril de 2020, compus a canção “Quarentena”, que diz: “Há muitos mistérios que eu não sei contar, mas tem algo estranho pairando no ar. Eu só sei sentindo, eu só sei dançando, não há verso futuro nem mês passado. O relógio parou, não há como voltar, a Terra tá em transição, imensa flutuação”.

Depois desse momento, em que o invisível deu as caras tão despudoradamente até para os mais incrédulos, eu me sinto à vontade para abordar qualquer tema juntando intuição, insight, tradição, ancestralidade, ciência, percepção e mais o que eu achar relevante. Chega de separação!

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Com essa liberdade, quero trazer aqui, para dialogar, as perguntas que estão presentes na minha arte, no meu modo de viver no mar e na terra (aos 40 eu me tornei uma surfista militante). E ouvir as suas. Penso, por exemplo, sobre de que modo o som pode nos ajudar enquanto espécie e qual seria o seu papel neste momento em que começam os voos em ônibus tripulados e as empresas deram a largada na colonização espacial.

A real é que as situações inéditas da pandemia fortaleceram em mim o desejo urgente de pensar formas de viver e criar neste momento que combina a mais grave crise humanitária vivida pelo Brasil e a necessidade de um grande realinhamento global. Para resolver os problemas que não têm fronteiras, salvar o planeta, as futuras gerações.

Como somos interdependentes, desejo muito que este seja um espaço de conversa e criação coletiva. Vamos imaginar o novo mundo possível juntes?

Infinito Som