Novas ferramentas automatizadas expandem ainda mais o leque de aplicações possíveis do som na experiência do usuário, ajudando empresas, marcas e até humanos a se comunicarem melhor

Apontada como o próximo passo na tecnologia, a Inteligência Artificial (ou AI, na sigla original de Artificial Intelligence) tem deixado muita gente com medo do que o futuro nos reserva. Mas como todas as ferramentas que vieram antes, a IA também pode ser uma aliada. As vozes sintetizadas já estão presentes em uma série de aplicativos, dá pra prever que, no futuro, nosso mundo vai ser guiado pela voz e isso tende a aumentar. São inúmeras as possibilidades no universo do Sound Branding e Sound UX.

Por meio da aprendizagem profunda (deep learning) e da análise de trilhões de dados disponíveis na internet, inteligências artificiais têm criado e recriado vozes sintéticas que se tornam cada vez mais parecidas com a humana, à medida que os algoritmos são aperfeiçoados. A partir daí, é possível produzir covers inusitados “cantados” por artistas famosos, deep fakes de viés político e até uma voz completamente “nova”, formada por parâmetros e atributos de personalidade predefinidos.

AI & Sound UX

Excitante, pois as possibilidades criativas e técnicas são imensas, mas ao mesmo tempo bem assustador. Em paralelo vamos ter que criar respostas para os problemas que surgem a partir dessa ferramenta que agride certas regras que tínhamos estabelecidas até aqui, como os direitos humanos e autorais. Muito a que se discutir e amadurecer.

Você certamente já recebeu alguma ligação que identificou imediatamente como sendo de uma atendente virtual de telemarketing. Pois bem, no futuro próximo será ainda mais difícil fazer essa distinção. Mas há exemplos mais animadores como a voz no TikTok que narra os conteúdos em vídeo. A síntese de fala (Text-To-Speech) é uma forma de transformar textos escritos em áudio, mas com uma fala natural e humanizada.

Apesar das muitas possibilidades para cibercriminosos, o Text-To-Speech tem ajudado marcas, empresas e pessoas a se comunicarem de uma nova maneira que até então parecia impossível. Além de ser facilmente adaptada a outros idiomas, aumentando o alcance de público para assistentes virtuais, a ferramenta tem ajudado pessoas que sofrem com a perda de voz a serem ouvidas.

O avanço da inteligência artificial permite que as máquinas reproduzam padrões de fala, timbres, emoções e sotaques, criando assistentes virtuais e chatbots capazes de simular até respostas em tempo real. Para uma marca ou empresa, isso é capaz de impactar a acessibilidade, relação com o cliente, marketing, traduções e muitos outros aspectos do negócio.

Aurora Borealis
Aurora Borealis

Som no metaverso

Somos atravessados por sons o tempo todo, dos pássaros às buzinas dos carros criam uma atmosfera mais real em experiências imersivas no mundo virtual.

Ainda no ano passado, a Meta, empresa responsável pelo Instagram, Facebook e Whatsapp, anunciou a criação de três modelos de inteligência artificial focados em tornar o som do seu metaverso mais real e a experiência mais imersiva no seu ambiente virtual. “A acústica desempenha um papel em como o som será vivenciado no metaverso, e acreditamos que a IA será fundamental para termos uma qualidade sonora realista”, disseram os pesquisadores.

A equipe da Meta trabalhou em parceria com cientistas da Universidade do Texas para que as ferramentas sejam focadas no discurso humano, ajustando por exemplo a acústica de reuniões, sessões de cinema, festas no metaverso, à forma como as vozes dos participantes soam no ambiente real. O próximo passo da empresa é usar a inteligência artificial para reativar memórias afetivas.

“Imagine ser capaz de colocar um par de óculos de realidade aumentada (AR, na sigla original de Augmented Reality) e ver um objeto com a opção de tocar uma memória associada a ele, como pegar uma saia de tutu e ver um holograma da sua filha na apresentação de balé”, explica a Meta.

A inteligência artificial na experiência sonora do usuário (Sound UX)

O exemplo da Meta mostra como o uso do som através da inteligência artificial tem aplicações múltiplas e infinitas. Mas as marcas não precisam estar necessariamente no metaverso para explorar os benefícios dessas ferramentas, ainda que tocássemos apenas a superfície do que elas são capazes de proporcionar.

No ano passado, o vencedor do Webby Awards na categoria de Ciência em Sites e Dispositivos Móveis foi um projeto que usava a inteligência artificial para reconhecer o estado emocional dos usuários através do timbre, volume e voz com que falavam. Após a análise, o algoritmo indicava uma música escolhida especificamente para a emoção identificada no interlocutor.

Nós falamos aqui do poder que a Sound UX tem de construir memórias afetivas e despertar sensações positivas nos públicos. Por mais que a inteligência artificial esteja desdobrando novas maneiras de promover essas conexões, o conceito é o mesmo: os sons ativam as emoções, seja no celular, na música ambiente da loja, no tom de voz no alto-falante ou nas ligações perigosas do telemarketing.

É tudo muito novo e ainda não sabemos os efeitos de toda essa revolução que está em curso. Vamos observando e de maneira responsável ir criando formas de chegar aos afetos das pessoas pra que as marcas da maneira mais coerente possível cumpram seu propósito.

Talvez a nossa maior apreensão seja o amor se perder em meio a todo esse processo de artificialização. Mas como bem antecipou Bjork na canção All lis Full of Love, “You’ll be given love, you have to trust it” (você vai receber amor, precisa confiar nisso).

All is full of love, Bjork

Já se perguntou que sensações as pessoas têm quando acessam seu site ou entra na sua loja? Quer saber como explorar melhor o universo sonoro da marca, quais os benefícios que ele pode trazer e quais as aplicações possíveis? Fale com a gente!

Ligações Perigosas: Como não fazer o Sound UX pra a marca?