Além de criar a identidade musical da marca, o Music Branding tem efeitos tangíveis e poderosos nas vendas. Como ferramenta de marketing sensorial, entretanto, ele pode ter uma infinidade de aplicações e desdobramentos, de acordo com a necessidade e objetivo de cada marca.

Nós contamos como o Music Branding se difere do Sound Branding e suas aplicações. Mas agora, vamos nos aprofundar em cinco exemplos de sucesso do Music Branding para entender as suas muitas possibilidades de estratégia para transformar clientes em fãs através da música.

Nike e Spotify potencializando corridas

Uma das líderes no segmento de moda esportiva (sportswear), a Nike é sinônimo de movimento, força e inovação nesse campo. Mas querendo expandir sua conexão com o público para além do esporte, a marca investiu na música para manter uma relação mais próxima e onipresente com seus fãs.

O Nike+ Running é um aplicativo que integra a biblioteca de músicas do Spotify ao iPhone e ao Apple Watch, à medida em que acompanha e calibra o nível de notificações recebidas, a localização, ritmo e elevação ao longo do percurso da corrida.

Nos últimos anos, a iniciativa se expandiu com a criação do Nike Run Club, um espaço em que clientes pertencem a uma comunidade regida pela música. A ideia, segundo a descrição no próprio site oficial, é “motivar o público a se exercitar” com a marca.

No Spotify, o perfil com playlists exclusivas de corredores, atletas e artistas internacionais compartilhando o que ouvem na hora de correr, além da curadoria feita pela própria Nike em outras modalidades, já acumulou mais de 1,2 milhão de seguidores.

A Academia de Música por Martin Garrix e JBL

No fim do ano passado, a JBL anunciou o jovem DJ e produtor neerlandês Martin Garrix como seu embaixador global. Para a JBL, que já é uma marca automaticamente associada à música e ao som, a parceria visou expandir a sua conexão com o público até o que Ralph Santana, diretor de Marketing, “os mais altos níveis de alegria da vida”.

Estou sempre rodeado de música, por isso colaborar com eles de forma criativa é uma oportunidade que não poderia recusar”, disse Martin Garrix, afirmando que a marca de áudio é sua “preferida há algum tempo”.

Para uma empresa que preza pela qualidade da reprodução sonora dos seus alto-falantes das caixas portáteis e fones de ouvido, a parceria com Martin Garrix garante que a marca seja associada aos festivais e músicas que o produtor tocar e lançar. Eles ainda uniram forças para uma Academia de Música, projeto de mentoria a novos talentos da música eletrônica no mundo – todos treinados com equipamento JBL.

A iniciativa não só aumenta a credibilidade da JBL ao associá-la a um dos DJs e produtores mais famosos do mundo, mas também mostra um tipo de engajamento que estabelece uma conexão com o público amante da música. Ao contratar um novo embaixador, treinar talentos promissores e marcar presença nos principais festivais de música do mundo, a marca expandiu as conexões e possibilidades de apresentar a marca para o mundo.

Jack Daniels, além do Tennessee

Quem nunca tomou um Jack Daniels “on the rocks” e se sentiu em um videoclipe ou numa cena de filme? O whisky mais famoso do Tennessee tem sua história imortalizada em uma série de artistas e canções que se inspiraram no seu sabor, algo que a marca soube tirar proveito ao longo dos anos.

Assim como a JBL, a Jack Daniels também lançou um programa para inspirar novos artistas através da Battle of The Bar Bands, uma competição anual promovida em parceria com a iHeartRadio para integrar talentos promissores à “família” da marca. Mais recentemente, a empresa anunciou também as Make It Count Sessions, shows híbridos que acontecem em locais pequenos pelo mundo, mas transmitidos online.

Essa plataforma realmente ressoa com os nossos valores e nos permite alcançar novas áreas da música“, disse a Laura McCarthy, gerente da marca, acrescentando que o objetivo é expandir o impacto da empresa para “novos fãs e novos gêneros“.

A Jack Daniels está tão associada com a música que investiu pesado em outra iniciativa inédita de Music Branding lançada, provocando o sabor através do som. Com o apoio do professor Charles Spence, da Universidade de Oxford, a marca criou uma faixa inédita capaz de “acentuar os tons ousados do whisky tradicional“, levando em consideração a pesquisa do acadêmico sobre a interação entre os diferentes sentidos.

St Marche e o som do Brasil

O projeto de Music Branding e experiências Sound UX que criamos para a rede de supermercados St Marche, é famoso na cidade de São Paulo e faz sucesso entre os clientes a alguns anos.

Partimos dos atributos de personalidade da marca para criar a playlist exclusiva que toca como música ambiente das 21 lojas físicas espalhadas pela cidade e por unidades do Empório Santa Maria. Assim como a rede preza pelos detalhes na curadoria de seus produtos, prezamos pela escolha de cada fonograma ouvido em seus interiores.

Contemporâneo, exigente e próximo foram alguns dos atributos que nos guiaram nesse processo. Eles se traduzem na rádio feita sob medida a partir dos arquétipos musicais como o jazz melódico, MPB contemporânea e retrô, o pop acústico, a música de câmara e os arranjos leves de Villa-Lobos, Bach e Vivaldi. Além disso, há mensagens carinhosamente dadas pela voz icônica da marca que comunica com suavidade e elegância dicas de produtos, saúde e receitas, que torna a passagem dos clientes pelas lojas ainda mais gostosa.

A playlist oficial do St Marche está disponível no Spotify e traz uma mescla de artistas brasileiros já consolidados ou ícones contemporâneos da nova MPB, com nomes que vão de Céu, Marisa Monte, Celso Fonseca e Tulipa Ruiz até Novos Baianos e Mutantes.

A música contribui muito para a experiência de compra. E por isso eu me incomodava com a música que tínhamos antes nas lojas, mais aleatória e sem uma conexão com a nossa marca. Quando optamos pela curadoria alinhada à marca, feita pela Zanna Sound, os clientes reagiram muito positivamente. Já vemos os resultados“, disse Bernardo Ouro Preto, sócio-fundador do St Marche.

O pioneirismo da Vivo

O processo de criação do Sound Branding da Vivo foi único e também desafiador. Começamos nossa parceria com a marca através da criação de um logotipo sonoro, tema musical e trilhas de campanhas, territórios criativos que direcionaram a comunicação sonora da marca na publicidade e outros pontos de contato como URA, atendimento telefônico e campanhas internas para funcionários, endomarketing. A empresa, por sinal, foi a primeira no segmento de telefonia celular a ter uma marca sonora.

Depois desse primeiro passo, foi a hora de evoluirmos para o Music Branding, focado na curadoria da música ambiente para as lojas. Para estabelecer os estilos musicais que compõem o universo da marca, percorremos 11 mil quilômetros, 7 cidades e 10 lojas. Conversamos com 65 consumidores e 50 funcionários.

Consideramos o perfil de cada região e mantivemos a sua personalidade musical. Inicialmente, 320 lojas próprias da Vivo espalhadas por todo o Brasil foram contempladas com o nosso projeto de Music Branding, que hoje está no portfólio de todas as franquias.

Além da curadoria musical, pensamos na experiência sonora das lojas de acordo com a arquitetura e o fluxo das pessoas nos espaços, de maneira que a música esteja presente em áreas de experimentação de produto e não nas áreas de atendimento onde há interações e conversas.

Quer saber mais sobre Music Branding? Sobre Sound UX, a experiência sonora do usuário? Como o som impacta o comportamento das pessoas? Como podemos promover mais calma e transformação no mundo através da música? Fala com a gente!

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